sábado, 9 de janeiro de 2010

O que é MIOMA ?

Os miomas são formações nodulares que se desenvolvem na parede muscular do útero e muito comumente são chamados de tumores benignos. Vale ressaltar que: Mioma NÃO É CÂNCER e não é perigoso! Todavia, dependendo da sua localização, tamanho e quantidade podem ocasionar problemas, incluindo dor e sangramentos intensos.
O tamanho dos miomas pode variar desde muito pequenos a grandes formações que simulam uma gravidez de 5 ou 6 meses. Dependendo da sua localização na parede do útero, os miomas agrupam-se em três tipos: 1- os "subserosos" localizam-se na porção mais externa do útero e geralmente crescem para fora. Este tipo de mioma geralmente não afeta o fluxo menstrual, porém, pode tornar-se desconfortável pelo seu tamanho e pressão sobre outros órgãos da pelve. 2- os "intramurais" crescem no interior da parede uterina e se expandem fazendo com que o útero aumente seu tamanho acima do normal. São os miomas mais comuns e geralmente provocam um intenso fluxo menstrual, dor pélvica ou sensação de peso. 3- os "submucosos" localizam-se mais profundamente, bem por abaixo da capa que reveste a cavidade uterina. São os miomas menos comuns, mas provocam intensos e prolongados períodos menstruais.

Cirurgia MIOMA

Do ponto de vista genérico, pode-se dizer que existem dois tipos de tratamento cirúrgico: o tratamento radical (histerectomia), que consiste na extirpação cirúrgica de todo o útero, e o tratamento conservador (miomectomia), que consiste na extirpação cirúrgica somente dos miomas.
Como mencionado anteriormente, a histerectomia é a cirurgia universalmente mais difundida e aplicada no ambiente ginecológico. Provoca alívio definitivo dos sintomas e é razoavelmente segura.

Talvez seja por este motivo que continua nos surpreendendo a liberalidade com que se indica uma histerectomia, algumas vezes em pacientes absolutamente assintomáticas ou com sintomas discretos. Com certa freqüência, mulheres que já completaram os seus desejos gestacionais e que realizam um exame ginecológico ou uma ultra-sonografia de rotina e descobrem que são portadoras de mioma são histerectomizadas sem necessidade. Que dizer daquelas que apresentam sintomas evidentes e requerem formalmente de tratamento!
Argumentos do tipo "para que deixar o útero que pode desenvolver um câncer" ou "melhor tirar agora antes que cresça e torne o tratamento mais difícil" ou "a histerectomia melhora a satisfação sexual" têm fundamentado a indicação desta cirurgia mutiladora.
Desconsideram-se assim os aspectos desconfortáveis relacionados a uma cirurgia formal, como a prolongação da estadia hospitalar e da retomada das atividades normais. Além disto, não se enfoca com seriedade a existência de numerosos problemas emocionais relacionados com a perda do útero, pela sua identidade de gênero, como preconizam os defensores dos direitos reprodutivos e da sexualidade, e que merecem toda a nossa atenção.
Ao longo dos últimos dois anos, temos recebido no consultório dezenas de mulheres que vieram procurar informações sobre o tratamento de mioma pela técnica de embolização e que invariavelmente tinham consultado previamente um ou vários ginecologistas havendo sido indicada a histerectomia como forma de tratamento. O surpreendente é que a metade destas, não manifestava qualquer sintoma ou queixa relacionada com a sua miomatose.
Quando necessária, a histerectomia pode ser realizada por via vaginal, laparoscópica ou abdominal, como é mais convencional. Este procedimento cirúrgico requer anestesia geral, demanda três ou quatro dias de hospitalização e quatro a seis semanas de recuperação.
Embora sendo realizada tecnicamente de forma perfeita, a histerectomia pode provocar algumas complicações a médio e longo prazo. Algumas mulheres experimentam alteração na sua sensação sexual e principalmente na qualidade do orgasmo após a cirurgia. Tem sido aventado que durante o orgasmo há contrações dos músculos da parede uterina, o que não mais acontece após a remoção cirúrgica do útero. Tem sido também mencionado que algumas mulheres submetidas a histerectomia apresentam um encurtamento da vagina e diminuição da libido. Estes tipos de complicações que estão associadas às cirurgias pélvicas têm sido responsáveis pela procura de procedimentos menos radicais por parte das mulheres que requerem tratamento para os miomas.
Por estas razões, acreditamos que a cirurgia de histerectomia, em qualquer circunstância, é a última opção para o tratamento dos miomas sintomáticos.

A miomectomia é um procedimento cirúrgico que remove somente o mioma, não todo o útero, preservando assim a capacidade da mulher para engravidar.
Há várias técnicas para realizar a miomectomia, que incluem: a via histeroscópica, a via laparoscópica ou a via abdominal.
A miomectomia por via histeroscópica é utilizada somente para extrair os miomas que se encontram por debaixo da camada interna do útero e se exteriorizam para a cavidade uterina. Não se requer qualquer incisão cirúrgica. O médico introduz um tubo flexível, chamado histeroscópio, através da vagina e colo uterino e, com instrumentos, apropriados extrai o mioma. Este procedimento é realizado geralmente de forma ambulatorial e com anestesia.
A miomectomia laparoscópica é utilizada para extrair miomas que se encontram na porção externa do útero. Pequenas incisões são realizadas na parede abdominal, por onde são introduzidos uma microcâmera de vídeo e instrumentos apropriados para realizar a extração do mioma. Este procedimento é realizado com anestesia geral.
A miomectomia abdominal é um procedimento cirúrgico formal que consiste na realização de uma incisão na parede abdominal para aceder ao útero e uma outra incisão no útero para extrair o mioma. Esta cirurgia requer anestesia geral e demanda três ou quatro dias de hospitalização e quatro a seis semanas de recuperação. Após a extração do mioma, o útero é suturado.
Por ser o útero um órgão muito bem irrigado, a miomectomia pode ocasionar sangramentos intensos que podem carecer de transfusões sangüíneas intra-operatórias. Com alguma freqüência, cirurgias programadas para serem uma miomectomia acabam convertendo-se em histerectomia devido aos problemas técnicos durante o ato cirúrgico.
A miomectomia acompanha-se freqüentemente de bons índices de sucesso para controlar os sintomas, porém, quanto maior número de miomas tiver o útero, menor sucesso terá a cirurgia. Adicionalmente, os miomas podem voltar a crescer alguns meses ou anos após a miomectomia.
Embora a miomectomia tenha sido idealizada para ser aplicada em pacientes que desejam preservar a fertilidade, isto não ocorre em grande parte das pacientes. Aliás, somente uma de cada três pacientes submetidas à miomectomia consegue engravidar após a cirurgia. Na tentativa de preservar a fertilidade, a miomectomia pode provocar bridas e aderências entre os órgãos do abdome inferior e a pelve que ocasionam infertilidade

Tratamento do MIOMA

Em geral, a terapia medicamentosa é o primeiro passo no tratamento dos miomas. Há uma variada gama de medicamentos que podem ser utilizados para o tratamento dos miomas. Eles podem ser usados para controlar o sangramento ou inibir o crescimento dos miomas ou até para tentar reduzir o seu tamanho. Medicamentos que auxiliam a coagulação, antiinflamatórios não hormonais ou compostos hormonais podem ser usados nesta fase e, na maioria das vezes, são suficientes para controlar os sintomas sem precisar de uma terapia adicional. Alguns compostos hormonais apresentam certos efeitos colaterais e outros riscos quando utilizados cronicamente e, por isto, geralmente, são indicados de forma temporária. É importante mencionar que os miomas normalmente voltam a crescer quando a terapia medicamentosa é interrompida.
Um grupo bastante utilizado de medicamentos é os chamados "Análogos Gonadotróficos" (GnRH). Estes remédios provocam uma falsa menopausa bloqueando o estímulo cerebral para liberação de estrogênio pelo ovário. Desta forma, produzem uma diminuição do fluxo sangüíneo para o útero e os miomas, provocando a sua redução de tamanho. São especialmente úteis para tratar o sangramento provocado pelos miomas. O problema destes medicamentos é que o seu efeito é reversível. Isto é, quando a sua utilização é suspensa os miomas voltam a crescer e os sintomas voltam a incomodar. Outro problema é que, enquanto são utilizados, as pacientes podem experimentar sintomas típicos de menopausa como ondas de calor, insônia, secura vaginal, diminuição da libido, perda temporária de memória, além de sujeitá-las a um risco maior de desenvolver osteoporose e infarto de miocárdio.
Os compostos hormonais à base de progesterona, como são as modernas pílulas anticoncepcionais, vêm também conquistando certa preferência para o tratamento da miomatose sintomática. A sua utilização prolongada tem mostrado eficácia para controlar sangramentos e até para diminuir o tamanho dos miomas. Porém, os seus efeitos adversos como o aumento de peso, a depressão anímica ou a secura vaginal fazem com que o tratamento crônico com compostos de progesterona em geral não seja bem tolerado pelas mulheres que o utilizam.

Sintomas do MIOMA

Muito provavelmente, menos da metade das mulheres que têm mioma no útero têm algum tipo de sintoma. Por isso, a maioria delas nem sabe que tem mioma ou, se sabe, seguramente descobriram por casualidade, no momento em que realizavam um exame ginecológico de rotina ou por qualquer outro motivo. Algumas vezes os miomas são descobertos antes de provocarem um grande aumento do tamanho da barriga. Outras vezes podem provocar um aumento discreto do ventre que leva as mulheres a pensarem que estão com uma "barriga de cerveja" ou simplesmente que engordaram. Em algumas situações, o aumento do tamanho do abdome pode ser tão evidente que simula uma gestação de vários meses.

Em geral, os sintomas provocados pelos miomas podem ser resumidos a:

Períodos menstruais intensos e prolongados, além de sangramentos mensais atípicos, às vezes com coágulos, e que com alguma freqüência podem levar à anemia.

Estima-se que a mulher perde, normalmente, ao redor de 40ml de sangue a cada menstruação, que geralmente dura entre 3 a 5 dias. Como isso varia muito de mulher para mulher, considera-se que um período menstrual intenso ou prolongado é aquele que provoca uma perda maior do que 100ml ou tem uma duração maior que 7 dias. Todavia, resulta impraticável quantificar a perda sangüínea a cada menstruação. Em outras palavras, não dá para medir a quantidade de sangue que uma mulher perde na sua menstruação e assim saber se tem fluxo normal ou intenso. Geralmente as mulheres se queixam da progressão da intensidade. Isto é, a cada menstruação o fluxo vai se tornando mais intenso, obrigando a trocar absorventes com mais freqüência ou até usar fraldas durante os dias de maior intensidade. É geralmente nestes dias que a mulher não quer sair de casa, marcar atividades profissionais ou sociais, devido ao desconforto provocado pela sua menstruação, ou até para evitar situações embaraçosas ou constrangedoras.

Uma menstruação intensa pode ser também uma menstruação dolorosa. A dor geralmente acontece devido ao acúmulo de maior quantidade de sangue e coágulos dentro da cavidade uterina, o que provoca a sua distensão dolorosa e uma maior contração da musculatura para expulsar o conteúdo.

A intensidade da menstruação pode levar a mulher à anemia, isto é, a diminuição dos glóbulos vermelhos e da hemoglobina no sangue. Dependendo da magnitude da anemia, pode ser necessário corrigir esta alteração, seja com a prescrição de medicamentos à base de ferro ou até mediante uma transfusão sanguínea.

Em resumo, alguns sinais que podem indicar um fluxo menstrual intenso podem ser o aumento do consumo em dois absorventes por dia, a troca de absorventes a cada 2 horas, o aumento da duração da menstruação (+ de 3 dias) com relação à anterior, o encurtamento da duração do ciclo (+ de 2 dias), a presença de sangramentos intermenstruais (entre os ciclos), a eliminação de coágulos, o aparecimento de anemia ou a experiência de passar por embaraços ou constrangimentos sociais.